A grande conquista da Cirurgia Vascular nestes últimos anos foi, sem dúvida, a possibilidade de tratamento de diversas patologias utilizando a própria rede vascular como via de acesso. Isso recebeu o nome de Cirurgias Minimamente Invasivas ou Cirurgias Endovasculares.
Anos atrás, o tratamento de um aneurisma de aorta abdominal era feito através de uma incisão abdominal ampla, e a aorta dilatada era substituída por uma prótese de Dacron. Nos dias de hoje, esta abordagem é feita por duas incisões de 5 cm na região inguinal bilateral, isoladas as artérias femorais, pelas quais atinge-se a aorta. A dilatação da aorta é revestida pela parte de dentro com uma endoprotese. Com essa nova técnica, uma cirurgia de aneurisma de aorta abdominal tradicional que durava uma média de 4 a 6 horas, com uma hospitalização de 6 a 8 dias, passou a ser realizada entre 2 e 3 horas com tempo de hospitalização de apenas 2 a 3 dias. Além destas vantagens, a cirurgia endovascular permite que tratemos de casos mais graves, com morbidades mais avançadas, pois utilizamos anestesias mais superficiais, com um trauma cirúrgico muito menor. É importante ressaltar que a cirurgia tradicional não foi totalmente abandonada, pois em determinados casos ela ainda é indicada. Com a cirurgia endovascular podemos atingir artérias periféricas das pernas ou dos braços e até mesmo as carótidas do pescoço. Os acessos são feitos por uma única punção, e por ela introduzido todo material utilizado par vender as obstruções ou dilatar as artérias. Os stents, amplamente utilizados em cirurgias cardíacas, agora são utilizados em artérias periféricas, com o mesmo intuito que um coronariano: manter os vasos pérvios, mudando-se apenas o diâmetro e comprimento dos stents. A cirurgia de ponte de safena, também utilizada nas pernas, agora deu lugar a angioplastias de membros inferiores, menos invasivas, com execuções mais rápidas, expondo o paciente a menores riscos de infecção. Dados todos os benefícios dessa nova técnica, nos acostumamos dizer que a Cirurgia Endovascular não só veio para ficar, como para compor um novo capítulo da historia da Cirurgia Vascular.
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As telangectasias movimentam a grande maioria dos consultórios dos cirurgiões vasculares. São aqueles vasinhos de cor vermelho azulada que se localizam na pele das pernas dos pacientes e que afligem as mulheres, em qualquer idade, quanto ao aspecto estético.
Ao longo do tempo surgiram diversas técnicas para o tratamento para estes vasinhos, mas o mais tradicional, eficiente e confiável continua sendo a escleroterapia medicamentosa, que consiste na injeção de substancias com micro agulhas nestes vasos com o intuito de "secá-los" (realizar uma esclerose). O material empregado para este tratamento, agulhas, seringas e medicamentos esclerosantes variam de médico para medico, por isso é importante a escolha de um médico atualizado e com experiência na área. Independente do material, o objetivo é sempre o mesmo: de eliminar os vasinhos, com um número mínimo de sessões, do modo mais indolor possível, sem causar qualquer efeito colateral. Na década de 80 o raio laser foi algo que trouxe uma nova luz para este tratamento, pois, segundo o que se imaginava na época, seria indolor e mais eficiente que a escleroterapia medicamentosa. Após diversos estudos foi demonstrado que o raio laser não demonstrava todos os benefícios esperados: é dolorido, menos eficiente que a escleroterapia medicamentosa, além de causarem manchas hipocromicas (brancas) semelhantes a vitiligo no início. Poucos médicos empregam este método nos dias de hoje, e em sua maioria a técnica é utilizada como tratamento coadjuvante da escleroterapia tradicional. Independente da técnica ou do médico, com o passar dos anos os vasinhos tendem a voltar, portanto não se trata de um tratamento definitivo. É importante que o paciente mantenha um acompanhamento com seu médico. Existe uma grande confusão para o publico em geral quanto a estes setores estudados, confundindo por exemplo trombose arterial com trombose venosa. O termo trombose, por si só, já traz grande apreensão quando o medico refere-se a ela em uma consulta, porem existem diferenças fundamentais quanto ao diagnóstico tratamento e evolução destas duas patologias.
A trombose venosa dos membros inferiores (formação de coágulos no interior das veias), pode ser classificada de acordo com o local que acomete, ou seja, em superficial ou profunda. A trombose superficial das veias das pernas é também chamada de flebite. Tem um tratamento mais suave, pouquíssimas complicações, assim como sua evolução, que na maioria das vezes é benigna sem deixar seqüelas. No entanto a trombose venosa profunda (TVP) é uma doença com maior taxa de complicações graves e na maioria das vezes deixa sequelas para o resto da vida. Na trombose arterial, os vasos onde se formam os coágulos são as artérias e não as veias, assim as complicações desta doença esta diretamente relacionada a vitalidade do membro atingido. Se a trombose arterial não for rápida e adequadamente tratada pode levar a perda do membro acometido por isquemia (falta de sangue) e gangrena. Assim quando alguém falar em trombose com você, procure se informar corretamente a que se refererm: uma trombose arterial ou venosa. |
Celso GrandiMédico cirurgião, especialista em cirurgia vascular e endovascular ArquivoCategorias |